Vale a pena investir nas "modinhas"?

Nós investimos nosso rico ‘dinheirinho’ na expectativa de obtenção de um bom retorno e de preferência com baixo risco relativo. Quanto mais retorno e menor risco, melhor.

 

Mas, as coisas não funcionam bem assim. O que devemos buscar é um melhor equilíbrio entre risco e retorno. Em outros termos, ponderar entre o retorno esperado e o risco do investimento.

 

Assim, nós aceitamos correr mais risco somente na expectativa de um retorno maior.

 

Dessa forma, todos nós investidores ficamos atentos ao mercado, garimpando oportunidades. Ficamos observando os sinais ou alguma dica que nos apresente “A-QUE-LE” negócio do momento, que seja promissor, mais seguro, e que colocar dinheiro ali vai trazer o retorno desejado.

 

Bom, isso é o que todo mundo quer e o “mercado” é avido para entregar em bandeja de ouro.

 

Qual investimento está na moda no momento?

 

Não há dúvida de que assunto mais falado atualmente é a Inteligência Artificial (IA) e como essa tecnologia está transformando as nossas vidas.

 

A IBM define IA como “a simulação de processos de inteligência humana por meio do uso de sistemas de computadores e softwares”. O grande interesse público começou principalmente quando a OpenAI lançou o ChatGPT em novembro de 2022.

 

Hoje, temos um ritmo incomparável de descobertas de IA, com novos programas, modelos e produtos. Os programas mais populares são o ChatGPT, o novo Bing, Chatsonic, Notion AI, YouChat, LaMDA, entre outros.

 

Sempre é assim, uma área que vira moda traz oportunidades para os investimentos. No caso de IA são várias possibilidades de alocação de recursos no segmento.

 

O investidor pode comprar desde ações, cotas de fundos ou participações em empresas dedicadas a IA ou, ainda, investir em negócios que se beneficiem dessa tecnologia.

 

O volume de dinheiro que circula e vai circular nesse segmento é enorme.

 

Segundo dados da IDC Worldwide Artificial Intelligence Spending Guide, os investimentos globais em tecnologia de inteligência artificial, incluindo gastos em software, hardware e serviços para sistemas baseados em IA alcançaram quase US$ 118 bilhões em 2022 e deverão ultrapassar US$ 300 bilhões em 2026.

 

No entanto, o investidor deve considerar que esse tipo de investimento tem grau de risco mais elevado.

 

Como reduzir o risco do investimento em IA

 

Uma das alternativas iniciais para os interessados é comprar ações de empresas conhecidas, como Amazon, Microsoft, Apple, Nvidia, C3.ai e a Alphabet, controladora do Google. Essas são algumas das principais gigantes de mercado que estão apostando alto em IA.

 

Uma alternativa de menor risco é colocar dinheiro em fundos dedicados ao tema, os ETFs. Segundo a Forbes, há hoje nos Estados Unidos 17 ETFs cujo foco é IA. Os respectivos fundos de índice estão com ganhos superiores ao S&P 500.

 

Aqui no Brasil, na B3 , podemos investir no iShares Robotics & Artificial Intellig Multisector ETF  (BIRB39), índice que busca acompanhar o desempenho de empresas de mercados desenvolvidos e emergentes que poderiam se beneficiar do crescimento e inovação de longo prazo em tecnologias de robótica e inteligência artificial.

 

Já aqueles com muito apetite a risco podem, também, investir em empresas de private equity ou diretamente em startup de IA.

 

Mas isso é para quem pode se dar ao luxo de colocar em risco muito dinheiro. Além disso, deve ser considerado que investimentos diretos exigem um prazo longo.

 

Investir em IA é apenas uma modinha?

 

Inteligência Artificial, e tudo o que vem junto, com certeza não é modismo e investimentos nesse segmento não é somente uma tendência, veio para ficar.

 

No entanto, no campo dos investimentos sempre ocorrem modismos. É o caso, por exemplo, do metaverso e de NFT , que começaram a sair do radar dos investidores.

 

Nós temos que separar bem um setor ou tipo de investimento que está na moda e traga boas perspectivas, do “modismo financeiro”.

 

O modismo no mundo dos investimentos é marcado por uma tendência ou comportamento temporário das pessoas, usualmente impulsionado por fatores emocionais, que não têm fundamentos sólidos e que muitas vezes levam a especulação e até ao efeito de manada.

 

As pessoas entram no efeito manada quando tomam decisões de investimento irracionais, com sentido de urgência, muitas vezes baseadas em dicas da internet, rumores de mercado ou simplesmente fake news.

 

Esse tipo de investimento ocorre quando certos setores se tornam “quentes” devido ao algum evento, notícias ou tendências.

 

Como ocorreu com as companhias de tecnologias emergentes, as criptomoedas , as “ações de meme” daquelas empresas mencionadas em fóruns online e redes sociais ou IPOs que muitas vezes provocam um grande sobrepreço e no curto prazo sofrem forte queda.

 

O investir nas modinhas ao longo do tempo

 

Nós tivemos vários modismos financeiros e que acabaram por trazer grandes prejuízos.

 

Nos anos 1990, as empresas “pontocom” que receberam grande financiamento e suas ações foram negociadas a preços exorbitantes, no entanto essas companhias não tinham modelos de negócios claros ou perspectivas de lucro realísticas.

 

Depois, na década 2000, o estouro da “Bolha da Internet”, quando houve um frenesi em torno das ações de empresas de relacionadas à internet. As avaliações dessas empresas eram extremamente altas, mas os lucros inconsistentes.

 

Tempos depois, veio a “Bolha Imobiliária”, que deu origem à crise financeira de 2008, impulsionada por empréstimos hipotecários subprime e práticas arriscadas de empréstimo nos Estados Unidos.

 

Mais recentemente, entre 2017 e 2018, houve um aumento dramático nos preços das criptomoedas, especialmente do bitcoin.

 

Muitos investidores foram atraídos pela perspectiva de ganhos rápidos, mas a volatilidade  extrema e a falta de regulamentação levaram a perdas substanciais para muitos investidores que entraram no mercado durante o pico dos preços.

 

Quem realmente ganha com as modinhas

 

Esses modismos nos investimentos podem até trazer ganhos rápido em curto período para algumas pessoas que conseguem entrar e sair do mercado no momento certo.

 

Em alguns casos, pode até ser admitido que os ganhadores são os primeiros motivadores do modismo.

 

Mas, de forma geral, muitos investidores são atraídos para investir em modinhas. Por isso, quando a bolha estoura, os preços caem fortemente e resultado é de perdas substanciais para aqueles que entraram no mercado no auge dos preços.

 

Principalmente no mundo virtual modismos nos investimentos nascem como muita facilidade e daí surgem os “mágicos das finanças” desvendando segredos e vendendo oportunidades.

 

Sobre esse aspecto devemos sempre considerar que não há almoço grátis.

 

Como exemplo de modismos, vale lembrar da época da “Corrida do Ouro na Califórnia”, entre 1848 e 1855, em que muitas pessoas foram a busca de riquezas. Sabe quem ganhou dinheiro mesmo? Foram os vendedores de pás, picaretas, peneiras e outros equipamentos de mineração.

 

Obviamente alguns tiveram sucesso. Mas, a maioria dos garimpeiros que buscavam ouro não conseguiu encontrá-lo, só que as ferramentas eram necessárias para realizar a mineração.

 

Algo semelhante ocorre em momentos de modismos nos investimentos.

 

Haverá muitos chamados para que corramos na direção do pote de ouro no fim do arco-íris, mas provavelmente que ganhará mesmo com isso sejam os influenciadores financeiros, agentes, analistas e outros participantes da indústria financeira.

 

Isso porque essas pessoas irão oferecer produtos e operações com certeza de ganhos, mas cobrando muitas taxas, comissões, consultoria e ganhando muito dinheiro com publicidade e parcerias.

 

A lição antes de embarcar em uma onda

 

Resumindo, é importante para o investidor manter uma estratégia para sua carteira e com abordagem fundamentada, baseada em análises sólidas e objetivas, em vez de seguir cegamente as tendências da moda.

 

A pesquisa adequada, a compreensão dos riscos e a adesão a uma estratégia de investimento de longo prazo são fundamentais para evitar os perigos dos modismos financeiros. Sobre isso vale lembrar de uma frase de Warren Buffett:

 

“Se você não se sentir à vontade possuindo uma ação por 10 anos, nem pense em possui-la por 10 minutos”.

 

 

 

 

Fonte: Adaptado do portal Inteligencia Financeira

Autor do artigo: Fabio Gallo

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